Rolha de Champanhe

 A Rolha de Champanhe

Conserva o conteúdo de uma safra

Encontra-se na boca da garrafa

Solta-se sem que ninguém a apanhe

A cortiça acaba em granulado

Nas máquinas este é misturado

Prensado forma-se um corpo arredondado

Dentro do gargalo o champanhe fica vedado

Nas festas ouve-se um "boom", sobe a rolha para o ar

Elevam-se os cálices para nada se perder

Da garrafa jorra o líquido a fervilhar

Nas gargantas degusta-se com prazer

Rolha que acabas na reciclagem

Nas triturações outra função tu vais ter

Como junta da colaça de um motor numa linha de montagem

Ou no chão de um parque infantil para uma criança proteger

J.Alves

D'um ninho com carinho

Nesta fase da minha vida

Um hobbie encontrei

Cuidar de dois passarinhos

Algo que nunca sonhei

Duas gaiolas foram-me oferecidas

Lindas para alguém as ocupar

Esmeralda e Floco de Neve nesta étapa das suas vidas

Seu abrigo acabaram por encontrar

Pássaros que nasceram em cativeiro

Lindo seria vê-los em liberdade

A ganância do homem pelo dinheiro

Privou-os de serem livres de verdade

Perdoai-me meus lindos passarinhos

Pela liberdade que não vos posso dar

Nunca vos faltará cuidados e miminhos

Para atenuar a dor de não vos ver voar

J.Alves

"Disconnect to Connect"

Quero captar a  tua atenção

Como é que eu não consigo

Podias ir passear com o teu cão

Porque não falas comigo

São as versões modernas do telemóvel

Sem emoções e sem medos

Mexendo nas teclas com os dedos

Como uma estátua continuas imóvel

Pequeno aparelho que tem internet 

Nas redes sociais fazes amigos sem os conhecer

Os pais tem que estar atentos como lhes compete

Não vá o lobo mau aparecer

Não te deixes fechar nesse pequeno mundo

Jovens, vamos interagir e dialogar! 

Homens e mulheres sentem que lá no fundo

Tecnologias à parte, bom, bom é namorar.

J.Alves

Um Dia na Praia

O mar a recuar

A areia a desvanecer

Emergem as rochas do fundo do mar

Prepara-se o mariscador para os bivalves surpreender

O pescador com a sua cana em riste

Sonha com vários peixes que lhe afloram na cabeça

Com muita teimosia persiste 

Até que o peixe finalmente apareça

Um casal nas dunas encontra-se a bronzear

Ignorando o redor como se estivesse no seu lar

Com o calor umas carícias estão a trocar

Por detrás da duna há sempre alguém que não resiste a espreitar

No horizonte cruzam-se dois veleiros

O sol contrasta com o azul do mar

No relógio sobrepõem-se os ponteiros

Está na hora de almoçar

Hábil com o seu gancho enche a rede o mariscador

 Enquanto o pescador sua dourada acaba de apanhar

O casal na borda da água beija-se como prova do seu amor

Fantástico lugar este entre a "Praia da Marinha" e o "Boca Mar"

J.Alves

100 Contemplações

 Sanita ou em brasileiro vaso

Poucos são os que por ti têm consideração

Por necessidade ou por mero acaso

Proporcionas uma agradável satisfação

Objeto prazeroso

Onde todo o cidadão gosta de se sentar

O ser humano fica orgulhoso

Por aquela prenda lá deixar

Hoje em dia elas são de muitas cores

Desenham-nas de vários feitios
Pobre sanita que suporta os odores

Desses gases e dejetos vadios

Vaso que não serve para pôr flores

Mas para uma bela bunda acomodar

Do intestino saem horrores

Para pôr a água a sambar

Orgulhosa sanita que aconchega a intimidade

No silêncio pomo-nos a meditar

Com um jornal ou revista acompanhamos a atualidade

Não há tempo para despedidas porque logo temos de lá voltar

J.Alves

Pérolas da calçada

Nasceu no lugar de lagares

Aprendeu a arte calceteiro

Coloca pedra aos milhares

De joelhos dobrados o dia inteiro

Da pedra faz autêntica ourivesaria

Homem que nasceu na terra do granito

Trabalhando a pedra com sabedoria

O povo fica admirado com um trabalho tão bonito

No arruamento de lindas vivendas

Tu deixas a tua marca

Da tua imaginação saem lindas oferendas

Por isso o teu trabalho se destaca

Alguns trabalhos eu vi

Os elogios nunca são demais

Amigo esta homenagem é para ti

Joaquim Jorge Morais

J.Alves

Ilumina-te!

Ter uma ideia

Metaforicamente faz-se uma luz

No cérebro algo se desencadeia

Passamos à prática algo que se reproduz

Ela é a parte criativa do homem

Milhões de ideias acabam no lixo

Dentro de uma massa cefálica faz-se a reciclagem

A mais brilhante aloja-se num nicho

Está para se criar a super ideia

A que o mundo terá de concretizar

A mesma que na última ceia

Jesus com os apóstolos quis partilhar

Neste mundo de desigualdades

Onde o capitalismo é a opressão

Deixemos-nos de coisas fúteis e vaidades

Criemos uma ideia para a libertação

J.Alves

Simplicidade

Ser simples é uma dificuldade

É uma busca interior

É transmitirmos uma mensagem de verdade

Sem que nos julguem como um ser inferior

Simplicidade é igual a falta de ambição

Não há nada mais falso

Pode não combinar com ostentação

Resolve sempre qualquer percalço

Quem me dera ser um homem simples

Seria algo de inigualável

Não seria tão pretensioso como semideus Aquiles

Nem nunca teríamos o tendão tão vulnerável

Quando nascemos somos um ser puro

Logo evoluímos e fazem-nos acreditar

Que o que nos parece seguro

Sendo nós simples, tendemos a nunca alcançar

J.Alves

A Dança

O som entra no teu ouvido

Tu movimentaste para qualquer lado

Nesse movimento sem sentido

Logo aparece algo coreografado

A dança é cultura

É uma forma de expressão

Séculos após séculos perdura

Está sempre em constante mutação

Um bailarino precisa de dançar

Nela se expressa os sentimentos

Com a música faz-se transportar

Proporciona a quem o vê lindos momentos

Aprecio um bom momento de dança

Sou um bailarino à minha maneira

Já não preciso de pedir à menina a dança

Hoje só bailo com a minha companheira

J.Alves

O Prazer de Correr

Correr é um estado de liberdade
Corre o menino, o jovem e o idoso
Todos se sentem com mais flexibilidade
Para aqueles que não gostam torna-se penoso

Tudo se torna mais fácil
Quando te sentes bem a correr
No desporto fica tudo menos difícil
Deixas para trás aquele que te quer bater

O soldado Feídipedes para o futuro da Grécia assegurar
40 Km teve correr até Atenas para a ordem não se concretizar
Acabou por morrer de exaustão naquela zona
Em sua homenagem corre-se 42 km na maratona

Nunca corri para alguma prova ganhar
Outros vi a vencer
Alguns abruptamente a carreira tiveram que terminar
Eu corro só por prazer


J.Alves

Bate asas e voa!

Um pássaro no seu ninho

Os pais alimentam e vêm-no a crescer

Passado uns tempos já grandinho

Suas asas começa a bater

Bate tuas asinhas minha ave

Porque um dia vais ter que voar

Não serei eu a pôr-te algum entrave

Se tua liberdade queres conquistar

Pássaro que anseias por novos horizontes

Não deixes que o céu azul te faça cegar

Por esses vales e montes

Há sempre um malfeitor que esse lindo pássaro quer apanhar

Lindo pássaro que no horizonte vou deixar de te ver

Noutra terra tu te vais instalar

Recordo como te vi crescer

Volta meu passarinho à tua terra, teu ninho, teu lar

J.Alves

Se as cordas falassem...

Duas guitarras abandonadas

Durante anos a hibernar

A um canto estavam encostadas

À espera de alguém para lhes tocar

Quando as retiram dos seus sacos escuros

Seu brilho acabam por evidenciar

Tocando nas cordas os sons são puros

Das suas caixas de ressonâncias sons irão brotar

Coragem homem que as adquiriste 

Aprende a tirar delas lindas melodias

Não vires a cara à luta e persiste

Nos momentos maus dar-te-ão muitas alegrias

Guitarra que tocas baixinho

É uma música que escreveu um certo poeta

Filho trata as tuas guitarras com carinho

Um dia sairá dessas guitarras uma linda música celta

J.Alves