Homem do Compromisso

Sem compromisso

Eu sou o compromisso

Tenho que falar disso

Mas, afinal, o que é isso?

Será pontualidade

Ou estabilidade?

Algum efeito da idade

Não fugir à realidade

Mas eu não sou perfeito

Outros notam algum defeito

Nunca para nada fui eleito

Mas tento contornar o preconceito

Sim, sou um homem com valor

Não deixo para trás o que está ao meu redor

Luto contra o ser que é submisso

Por isso me chamam o homem do compromisso

J.Alves

Alegria Literária

Estás triste

Sem alegria
Essa tristeza persiste

Refugia-te na poesia!

Na poesia
Tu brincas com as palavras
Começas a entrar numa euforia

Acabas a sorrir com coisas parvas

Numa parvoíce contida

Alcançamos uma certa liberdade

Gozamos com a nossa vida

Ficamos fortes para encararmos a realidade

Esta realidade tão dura

Que poucos conseguem ver

Libertemos-nos desta amargura

Porque a vida também é prazer

J.Alves

A nuvem do menino

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Uma história foi me contada

De um menino que não dormia

Os pais com a paciência já esgotada

A uma amiga a mãe do menino se socorria

O menino nos braços da amiga se acomodava

Logo o seu choro parava

Como numa nuvem o menino dormia

Não sabemos naquele colo quais os sonhos que teria

Que poderes tem essa mulher
Com esse instinto tão hábil

Dá amor sem se aperceber 

Para acalmar um ser tão frágil

Tem o nome de uma santa
Mulher com irreverência de menina

Quem a conhece não se espanta
De seu nome Alexandrina

J.Alves

"Ex-Libris" da Natureza

Arouca pode-se orgulhar

Um "ex-libris" lá se construiu

Uma paisagem para admirar

A população logo aderiu

Falo do Rio Paiva e do seu passadiço

De Espiunca até à Praia do Areinho

Numa plataforma pregada num rochoso maciço

Só algo de espectacular me faria sair de Espinho

São quilómetros de uma longa caminhada

No serpentear do rio a paisagem é uma beleza

Para ir e voltar a pessoa tem que estar preparada

No fim se nos perguntar se vale a pena, vale com certeza!

Se queres passar um bom dia

E te deliciares com uma boa gastronomia

Se queres fazer uma caminhada radical e louca

Dirige-te ao concelho de Arouca

J. Alves

Cumplicidade

Olha para mim

Imagina o que eu penso

Gosto do que vejo, sim

É do mais elementar bom senso

Este é o exercício que eu faço

Para com a pessoa que está comigo

Não lhe noto nenhum cansaço

Para além de marido eu sou um amigo

Como amigo aprecio o seu valor

Sem lhe pôr qualquer restrição

Dou-lhe sempre uma prova de amor

Sem estar à espera de qualquer retribuição

Num elogio ou num carinho

Fortes são as amarras que nos seguram ao cais

Só peço a Deus para não ficar sozinho

Meu amor estar contigo é bom demais

J.Alves

Desperta!

Como seria bom não ver telejornais

Não termos internet

Seria bom demais

Perante a realidade ninguém se compromete

Mas a vida é bem diferente

Tens que estar actualizado

Logo não ficas indiferente

São tantas as más notícias que ficas incomodado

É um mundo de falsidade

O ser humano é manipulado

Dão-nos as notícias como verdade

Mais tarde descobres que foste enganado

Jovens que por algo supérfluo matam

Outros aplicam violência gratuita

A fugir à fome e à miséria homens no mar naufragam

A impotência é tão grande que nem se acredita 

O país das privatizações
Mais uma empresa está ser negociada

Os prejuízos o povo paga aos milhões

Lucros e dividendos são distribuídos por uma certa rapaziada

Dizem-nos que o estado tem de emagrecer

Com estas privatizações que estamos a ver

O povo tal e qual como no Estado Novo passa mal

E cria-se a nova geração dos "Donos de Portugal"

J.Alves

Amo-te

Que linda palavra essa

A qual mexe com as emoções

Está vinculada a uma promessa

E alegra os nossos corações

Ó palavra que transportas paixão

Em que duas almas se deixam envolver

Não admites a traição

Esperas por algo de bom para te surpreender

Deixa que essa palavra brote dos teus lábios

Porque a fonte do amor é inesgotável

No meio de muita asneira até somos sábios

Para alimentar uma relação estável

Amo-te diz-se com emoção

É uma sensação de liberdade

Não deve ser utilizada em vão

Para não cair na banalidade

J.Alves

Um Feliz Eterno Aprendiz

Eu sou um aprendiz

Tudo quero aprender

Tantos anos feliz

Todo um mundo por conhecer

Não é um fatalismo ser ignorante

Nunca estamos satisfeitos com o mundo

Aquele que acha que sabe tudo lá no fundo

Aborrece-se por estar vivo num instante

Damos por nós com conversas de destaque

Faz-se uma pesquisa na internet

Com esta cultura de almanaque

Num círculo de amigos a malta até se diverte

Preguiçoso cérebro que não queres ler

Estes calhamaços que contêm cultura

Tomara eu um dia saber

Para muitos problemas qual seria a cura

J.Alves 

O Meu Espelho

A minha imagem estava ali reflectida

É a cumplicidade que tenho com o espelho

Um companheiro de uma vida

Ao ponto de lhe pedir um conselho

Do despertar ao deitar

É com ele que cuidamos da imagem

Damos-nos por nós a falar

Como se trata-se de uma clonagem

Num espelho de água estamos reflectidos

Logo o pomos a ondular

Ficamos muito divertidos

O nosso aspecto começa logo a deformar

Nunca ficarei zangado com esse espelho bendito

Serei eu um rapaz esperto

Se lhe pergunto se estou bonito

Logo ele returque, estás com bom aspecto

J.Alves

Adeus aos 40

As estrelas continuam brilhantes

Nós perdemos o brilho com a idade

Na memória recorda-se como éramos antes

No presente confrontámo-nos com verdade

Ficamos menos impulsivos

O tempo acalma-nos e ficamos matreiros

Não é sinonimo de menos activos

Abandonamos os individualismos, colaboramos mais com os parceiros

Um objecto luminoso parado tem um certo brilho

Em movimento o seu brilho fica alterado

Homens de meia idade com um certo estilo

O seu intelecto e o seu corpo tem que estar bem trabalhado

Nunca recuperarás aquele brilho cintilante

Poderá resolver-se sempre com classe

Tentar impor o teu charme até é aliciante

Chama sempre a atenção em qualquer lado por onde passe

J. Alves

Presépio de Natal

Simboliza o nascimento

Fazê-lo a qualquer cristão seduz

Presta-se homenagem em certo momento

Ao nascimento do menino Jesus

De mil maneiras ele é construído

Certas personagens não podem faltar

No final o objectivo é conseguido

Retratar um momento e continuar a perpetuar

Os meninos ficam extasiados

Reis magos, ovelhas, pastores e o povo

Troca-se uma personagem para um dos lados

No olhar de uma criança o presépio é sempre novo

No caso de crianças não ter

Nesta época um presépio vamos construir

Uma coisa conseguimos obter

Fazer com que uma criança acabe por sorrir

J. Alves